A Polícia Federal em São Paulo desencadeia nesta terça-feira a Operação Evidência (Hipócrates SP), resultado do trabalho da Força-Tarefa Previdenciária no Estado de São Paulo, composta pela Polícia Federal, Ministério da Previdência Social e Ministério Público Federal, para desbaratar uma organização criminosa que atua na Grande São Paulo, dedicada à intermediação fraudulenta de benefícios previdenciários de auxílio doença. Um levantamento preliminar aponta desvios de R$ 9 milhões.Participam da Operação Evidência 104 policiais federais e dois servidores do Previdência Social, para cumprir 13 mandados de prisão preventiva e 23 mandados de busca e apreensão nos municípios de São Paulo, Guarulhos, Planalto, Mogi das Cruzes e Bertioga. Também serão cumpridas ordens de bloqueio de contas bancárias, sequestro de veículos automotores utilizados pelo grupo criminoso e suspensão de benefícios previdenciários fraudulentos.Como funcionava a organizaçãoIntermediadores de benefícios previdenciários espalhados pela Grande São Paulo estabeleceram uma rede de contatos pela qual trocavam entre si dados de "clientes" interessados na obtenção fraudulenta do benefício de auxílio doença. Tais clientes são pessoas que não conseguem obter, pelas vias normais, o referido benefício, haja vista não preencherem os requisitos estabelecidos em lei.Os dados como números de identificação do trabalhador e números de benefícios previdenciários, trocados via SMS, desembocavam no telefone celular de um servidor da Agência da Previdência Social de Guarulhos. Este, utilizando-se de senhas apropriadas indevidamente dos médicos peritos lotados naquela unidade da Previdência Social, ingressava nos sistemas informatizados e concedia ou prorrogava os benefícios para os "clientes" da quadrilha.Prejuízos aos cofres públicos e valores cobradosApenas numa amostragem de 45 dias, constatou-se que o servidor corrupto concedeu fraudulentamente cerca de 300 benefícios de auxílio doença, causando um prejuízo aos cofres públicos que supera a cifra de R$ 9 milhões. Há notícia de que a quadrilha esteja atuando há pelo menos um ano.Por cada benefício fraudulentamente concedido, a quadrilha cobrava cerca de R$ 4,5 mil, dos quais R$ 3 mil eram destinados ao servidor da Previdência Social.Patrimônio obtido indevidamenteEm decorrência disso, o servidor acumulou um patrimônio completamente desproporcional aos seus rendimentos de Técnico do Seguro Social (salário mensal bruto de R$ 3,5 mil).Em junho de 2009 ele teria começado a aplicar o dinheiro auferido em decorrência do crime numa empresa de colheita e transporte de cana de açúcar, situada no interior de São Paulo, na qual sua secretária figura como sócia majoritária ("laranja").Atualmente ele possui em seu nome, em nome de sua empresa e em nome de sua esposa diversos caminhões, reboques, colheitadeiras, tratores, motos, uma F 250 - modelo 2010, diversos veículos, imóveis, apartamentos, terrenos e até um Jet Sky.Nome da operaçãoO nome Evidência é uma alusão a grande quantidade de vestígios deixados pelos integrantes da quadrilha no decorrer de suas condutas delituosas, bem como retrata a continuidade dos trabalhos desenvolvidos por esta Força Tarefa Previdenciária no combate ao crime organizado por meio das Operações Providência, Vidência e agora Evidência.