Larry SilvaTarso quer alterar Previdencia Estadual Zero Hora ( 27/3/2011) - Definido por economistas como “o câncer que pode matar o Rio Grande do Sul”, o déficit da previdência dos servidores estaduais desafia os governantes gaúchos há três décadas. Em 2009, o governo sacou R$ 4,5 bilhões do Tesouro para cobrir a diferença entre a soma das contribuições recebidas pelo sistema previdenciário e o total gasto com o pagamento de aposentados e pensionistas. Esse rombo deve chegar a R$ 6,8 bilhões em 2011, se mantida a tendência de crescimento de 5,5% ao ano dessa despesa. Na frieza das técnicas atuariais (a ciência da administração de seguros e fundos de pensão), os fatores que provocam esse crescente desequilíbrio podem ser corrigidos ao longo do tempo. Mas o custo político de contrariar viúvas, aposentados, sindicalistas e políticos tem emperrado qualquer tentativa de reforma. – As resistências são enormes, mesmo que se garanta que as mudanças só valerão para quem ingressar no futuro – explica o ex-deputado Otomar Vivian, que presidiu o Instituto de Previdência do Estado (IPE) durante os governos Antônio Britto, Germano Rigotto e Yeda Crusius. Logo após ser eleito, o governador Tarso Genro anunciou disposição para enfrentar o fantasma da previdência. – Temos de estabelecer um piso decente para os servidores e um teto salarial, a partir do qual cada servidor pode melhorar sua aposentadoria com um sistema de previdência complementar – declarou, em 19 de outubro a representantes da Agenda 2020,movimento que encabeça o clamor pela reforma. O dinheiro que o governo usa para cobrir o déficit da previdência tira a capacidade de investimento do Estado. – É um fator de injustiça social – aponta Ronald Krummenauer, diretor executivo da Agenda 2020. No mesmo discurso, Tarso antecipou que espera encontrar muitas resistências a essa proposta, em especial do Judiciário, que diverge sobre a gestão da previdência de seus servidores. Até agora, as medidas do novo governo foram tímidas. A discussão está no recém-criado Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, onde um grupo de 16 conselheiros trata do assunto. – O governo optou por iniciar esse debate desarmado. Queremos ouvir primeiro a sociedade antes de formatar uma proposta – argumenta o secretário do CDES, Marcelo Danéris.